Wednesday, February 27, 2008

Inflação nos EUA

Nas últimas duas semanas parece que finalmente os agente do governos dos EUA resolveram que chegou a hora de começar a admitir que a inflação está acelerando, e que eles ainda assim vão precisar reduzir taxas de juros. Esse é o cenário que eles chamam de "estagflação", ou seja, uma inflação que vem acompanhada de pressão contra o crescimento econômico.

Alguns analistas dizem que o governo Bush vem sistematicamente maquiando os valores de inflação, utilizando da subsituição de produtos. Esse mecanismo funcionaria assim: se o leite subir muito, retira-se o leite da cesta de produtos que define o índice de preços ao consumidor, subsituindo-o por, por exemplo, água. Depois retire a carne e o queijo, coloque Tofu e milho, e assim por diante. Isso, na verdade, é um mau-uso de um fato que realmente ocorre: quando o preço da margarina aumenta, mais pessoas tendem a comprar manteiga, e vice-versa. Para que a medição da inflação seja precisa, é necessário levar em conta essa substituição de produtos pelo consumidor. Entretanto, pode-se obter um índice menor quando se ignoram os produtos que mais encareceram, o que pode ter acontecido por aqui.

Por que o governo faria isso? Bom, esses índices de inflação são usados para reajustar os salários do funcionalismo público, assim como para reajustar o valor de títulos protegidos da inflação (os i-Bonds). Esses títulos são o último recurso em caso de crise econômica, pois somente com a falência do Estado esses títulos perderiam seu valor. Ou isso ou a total desvalorização da moeda, é claro.

Uma indicação de que o governo estava consciente do problema (a inflação) é justamente um fato ligado aos i-Bonds: desde o começo do ano, cada indivíduo pode comprar um máximo de 5000 dólares em i-Bonds por ano. Até o ano passado, o limite era de 30 mil dólares. Prevendo que muitos iriam retirar seu dinheiro do mercado de ações e comprar i-Bonds, o governo fechou essa possibilidade, pois devem estar morrendo de medo de, primeiro, não conseguir bancar a inflação, e segundo, de que ninguém vai querer segurar a bolsa em queda-livre. É de assustar mesmo, especialmente depois que o Bernanke (acho que é um nome excelente para personagem de história infantil, tipo, o Cabrito Bernanke) põe a cara para fora da janela e grita que a inflação está apertando mas que eles vão continuar cortando os juros básicos. É porque a coisa deve estar preta mesmo. A inflação em janeiro disparou para 7.4%, e há 7 anos atrás 2% já era preocupante!

Minha pergunta é: para onde vai o Dólar/Real? Para baixo, certamente, mas deverá haver um momento em que essas empresas vão precisar captar recursos investidos no exterior, para pagar quem está vendendo ações em Wall Street. Nesse momento, se eles trocarem seus reais por dólares veríamos um aumento repentino no valor do dólar no Brasil. Mas será que eles vão tirar dinheiro do Brasil? Acho que não, a Bovespa está operando em níveis recordes, que ironia. Acho que o caminho é para baixo mesmo...

Tuesday, February 19, 2008

Quase esqueci...

Ladrões (?) invadiram (?) o sítio do prefeito de Juiz de Fora (pacata cidade do interior de Minas Gerais) Alberto Bejani e de lá levaram cerca de 700 mil reais, além de armas e munição.

O recorte abaixo foi retirado da edição de hoje do Jornal Panorama :




Ladrões machos-prá-cacete esses. Certamente agora estão longe, desfrutando os primeiros dias de seus cem anos de perdão.

O assunto não parece ter sido notícia em nenhum outro lugar... lá em Juiz de Fora o povo tem medo até de não votar no Bejani quem dirá de perguntar de onde saíram esses 700 mil reais em dinheiro vivo, ou essas armas. Eu é que jamais levantaria essas questões, "coitado, foi tão cedo. Deus me livre, eu tenho medo"!. Eu imagino que agora o Bejani está pagando 1 milhão em recompensa para quem garantir que esses "bandidos" NÃO sejam pegos, jamais!

Piadas do dia

Comecemos com as reações à carta de Fidel Castro em que comunica que não voltará ao poder. No noticiário da manhã na CNN, arrumaram um senador que é cubano naturalizado estadunidense para falar mal do ditador cubano. Comentou, por exemplo, o discurso de um cidadão cubano que teria reclamado que os cubanos não podem ter acesso à internet, viajar pelo mundo afora. Por que isso?, ele pergunta. Bom, eu respondo que não sei, mas deve ser pela mesma razão que os cidadãos estadunidenses não podem viajar para Cuba (multa de 10 mil dólares - tudo se compra por aqui) ou comprar produtos cubanos (teoricamente nem os charutos, mas que também se compram).

O pior de tudo é que essa elite hipócrita e aristocrática faz com que Fidel, Chaves e mesmo Ahmadinejah pareçam até bonzinhos... certamente são melhores que o governo Chinês, que abriu mão dos princípios e valores de sua revolução para poderem negociar com o império ocidental, exportando enchimento de aterro sanitário e importando poluição, desigualdade social e inflação. Comparar com os ditadores do Petróleo, nem pensar. Esses nunca sequer foram governantes, talvez por isso mesmo não sejam chamados de ditadores.

No RS um padre foi preso por molestar uma criança. Piada-notícia de tão mal gosto e tantas vezes contada que já perdeu importância. Só comento porque, tendo sido várias vezes recentemente questionado se eu não me casarei numa Igreja ou batizarei meu filho, a piada-notícia tomou novas vestes: será que os casamentos e batizados realizados por esse pseudo-representante Divino deveriam ser revogados e realizados novamente por um representante digno? Esses casais e pais deveriam entrar na justiça contra a Igreja: muitos só se casam para sentirem sua união abençoada, provavelmente não mais se sentirão tão confortáveis ao ver o nome do padre na página policial. Por fim, agora vão investigar a mãe da menina, saber se ela tinha noção do que estava acontecendo. Capaz de a mãe ir para a cadeia e o padre ser somente "afastado de suas atividades e encaminhado a tratamento psiquiátrico quando for solto", como disse o bispo de Rio Grande, d. José Mario Stroeher.

E a terceira, porque tudo que é bom, ou ruim, tem que vir em três prestações: a loteria para financiar a falta de caráter e competência que infecta o futebol e o esporte brasileiro. A Caixa pretende faturar 520 milhões de reais por ano com a jogatina, e metade desse dinheiro vai para pagar dívidas dos clubes com, principalmente, Previdência, Receita e FGTS. Uma vergonha tamanha que o Lula, presente na cerimônia de lançamento, não fez discurso nem falou com os repórteres. Nem poderia, falar o quê? "A Timemania é uma solução inteligente que não opera com recursos públicos", como falou o presidente do Botafogo? É uma tremenda inversão de valores, permitida pelo governo e que será financiada pela população, principalmente de baixa renda, que continuará pagando com sangue suor pelo pão e circo de cada dia.

Agora eu preciso de perguntar ao Bebeto de Freitas, presidente do Bota, o que ele define como "público". Garanto que para a final da taça guanabara ele espera um "governo pagante" vasto o suficiente para pagar os custos milionários da máquina administrativa ineficiente de seu clube...

Monday, February 11, 2008

Fox Guilhotinha: A culpa é do usuário

A Volkswagen está tentando evitar um desgastante recall de seus carros Fox (Raposa, para aqueles que não sabem inglês). Uma falha de projeto faz com que o usuário corra o risco de ter os dedos amputados ao tentar rebater o banco traseiro.



Reparou na cordinha preta debaixo do banco? Então, ela é o xis da questão. O manual manda puxar a cordinha. O usuário às vezes não acha a tal cordinha (ou por algum outro motivo - como a preferência pessoal de enfiar o dedo em arruelas ao invés de puxar cordinhas) e puxa o banco pela arruela na qual a cordinha está amarrada. O banco se desmonta como uma guilhotina, a base do encosto passa rente à arruela e lá se vai o dedo.

Todos nós já vimos textos sobre as mensagens "estúpidas" em produtos, principalmente americanos, como: "confirme que o bebê não está dentro do carrinho antes de dobrá-lo", ou "não coloque animais domésticos no microondas". E achamos graça... Com certeza esse boçal que eles puseram para representar a empresa nessa entrevista acha isso engraçado também.

Detalhe: A Volks nem se preocupou em colocar um porta-voz que falasse português decentemente para comentar o assunto! Aliás, devem mesmo ter propositadamente colocado o alemão cara-de-pau lá para soar mais profissional. Brasileiros normalmente respeitam os estrangeiros mais que seus compatriotas, um efeito colateral do nosso jeitinho...

Os modelos exportados não têm esse problema. Esses carros possuem o banco bi-partido, e o sistema de trava é mais seguro. O banco bi-partido é opcional no mercado brasileiro, mas custa mais caro (315 reais). No próximo entrrevista, o sr. Tommas Schmal dirrá que brrasilerros perderram dedo porque quiserram pagar mais barrato...

A Ford já fez uma decisão semelhante num recall (que palavra...) do Explorer (aiai...). Sabiam do risco de os pneus explodirem, mas calcularam que era mais barato lidar com os processos que fazer o recall. Ninguém está tendo culhão de escrever nos relatórios financeiros das empresas quanto é que custa uma vida humana no mercado. Na cultura do vale o quanto pesa, do "Topa tudo por dinheiro", isso tudo faz sentido, ao menos até o dia em que seu filho tem o dedo decepado. Então nada disso faz sentido, mas também já não faz diferença.

Só não faz sentido escrever sobre isso, pois aí fica parecendo filosofia...