Monday, October 31, 2005

Por quem os sinos dobram?

Os EUA comunicam que conseguiram matar mais um líder da Al Qaeda em Bagdad. Ontem mais dois soldados americanos mortos.

Ainda não consegui me acostumar a ver pessoas celebrando a morte uma de outras.

Resposta ao Tempo

Resposta ao tempo

Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei

Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei

E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto

E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer

Monday, October 24, 2005

Não atira em sim e encerra o assunto

Para quem não leu o Estatuto do Desarmamento antes de votar, ou leu e não entendeu, poderia ter analisado um fato ocorrido em minha cidade natal, Juiz de Fora-MG, antes de tomar suas conclusões. Quando duas pessoas a favor do Estatuto do Desarmamento discutiam sobre o assunto, uma terceira pessoa que sequer participava da conversa entrou na discussão com seu palpite calibre 38.

Entender o contra-senso das reportagens de hoje sobre o resultado do referendo não é tarefa fácil. O referendo, que deveria ser um instrumento democrático, foi usado como instrumento político para atacar o governo. A vitória do "não", segundo o Jornal do Brasil, mostra que o povo está insatisfeito com a forma como o governo lida com a violência. O Estadao diz que o "não" é uma indicação da insatisfação da população com a política de segurança. Com isso colocam o peso da derrota nas costas do governo, essa não-criatura vista de longe à época das eleições.

A familia Garotinho, que apóia o desarmamento quase que por obrigação (claro, imagina, no Rio, como poderiam ter posição diferente?) ainda acharam uma brecha para atacar o governo: o governo tinha que ter tomado uma posição, ao invés de consultar a população, diz o garotinho. Pelo jeito, ainda não se convenceu da eficácia da democracia. Mas ele é criança, tem tempo para aprender ainda. Espero que durante sua adolescência entenda que o governo (o Poder Executivo) a que ele se refere não colocou a aprovação do Estatuto à mercê de um referendo, mas sim o Congresso Nacional.

Bom, o assunto está encerrado. Ainda será possível comprar armas no Calçadão de minha cidade. A bancada ruralista também poderá se armar para combater os Sem-Terra. Os bandidos nem se importam mesmo, eles não se preocupam muito com Leis. Esse resultado preocupa a mim, entretanto. Lembro-me uma vez, aos onze anos, quando perguntei a meu pai como podiam fabricar um automóvel que ia a 180km/h se o limite era de 80. Sua resposta foi uma introdução aos grandes paradoxos de nossa sociedade. Não sei o que vamos dizer aos nossos filhos quando nos perguntarem porque simplesmente não paramos de permitir a venda de armas, se reclamamos da violência. Os pais que votaram no "não" terão de inventar uma boa história, e aqui já adianto: a versão usada por meu pai eles não poderão usar.

O Brasil divide com a Venezuela a primeira posição mundial em número de mortes por agressões com armas de fogo, a maior causa de mortes no país, enquanto violentos americanos, morrem de câncer e ataque cardíaco.

Assim, temos razões para celebrar, somos campeões novamente! Após o fim de semana de final de Campeonato, Não venceu sem dificuldades. Teve até briga de torcida. Diga-se de passagem, o Sim não morreu mas o Não foi para a cadeia, preso em flagrante.