Wednesday, September 20, 2006

Tiananmen, Paz Celestial 天安门广场,

Semana passada conheci uma estudante chinesa, que veio para os EUA recentemente para estudar relações exteriores. A história da China me fascina extremamente, principalmente pela paradoxal constatação de que essa cultura milenar não evoluiu para um regime democrático. Infelizmente, ainda não tenho o conhecimento a respeito para discutir o mérito dessa questão, e por isso, aproveito cada oprotunidade para conversar - uma forma mais rápida de pesquisa que internet - a respeito.

Essa colega, que nasceu em 1982, leu os escritos de Marx e de Mao, dentre muitos outros volumes que a diferenciam da maioria dos estudantes que andam pelo campus, independente de nacionalidade. Resolvi parar um pouco para escrever aqui somente alguns detalhes do que ela me disse, para que ao menos eu não me esqueça.

Aos 17 anos, Yan nunca tinha ouvido falar sobre os enfrentamentos que levaram ao que, no Brasil chamamos de "Massacre da praça da Paz Celestial" em 1989. Naquela ocasião, milhares de populares, principalmente estudantes, protestavam contra os métodos repressivos, abusivos, corruptos do governo da República Popular da China, e acabaram sendo severamente dispersados violentamente pelo exército. O número de mortos na ocasião está entre 23, de acordo com a contagem do governo, e 2600, de acordo com a Cruz Vermelha. O número de feridos pode ter chegado a 10000.

Assim como ela, a maioria dos chineses não conhece essa história, jamais ouviram falar de protestos. De fato, a televisão chinesa, na ociasião, mostrava as agressões dos protestantes, soldados feridos, e minimizava o tamanho, a repercussão e a importância do episódio. Logo após ter sido dispersada a multidão, ninguém mais comentava o ocorrido, e os pais protegeram seus filhos únicos dessa parte sangrenta da história.

Mais uma vez, a repressão calou a história, e para um bilhão de pessoas esses conflitos jamais ocorreram, e mesmo os registros do incidente foram completamente apagados. Yan não obteve informações sobre isso até que conseguiu acesso a bancos de dados de agências de notícias de Hong Kong, que, então, ainda estava sob domínio Inglês.

A praça foi reconstruída, e um estudante estadunidense que fez seu doutorado na China conseguiu encontrar uma loja que teria sido construída com sobras da demolição. "Estavam vendendo barato", disse o proprietário.

O acordo imposto pelo governo foi que os chineses não teriam o regime democrático que pediam, mas seriam autorizados a ficarem ricos. Uma nova fase de dominação começava, que, na verdade, se assemelha demais ao pacto subliminar entre o povo e as classes dominantes de paises democráticos ocidentais.

George Orwell, sentenciou que às vezes é necessária uma grande revolução para que as coisas possam permanecer como sempre foram. Essas revoluções parecem ocorrer a cada 50 anos. Se foi isso que ocorreu no ocidente em 1930, já estamos fazendo hora extra.

Thursday, September 07, 2006

Eu vi!

De tanto só prestarem atenção a coisas sérias, sequer perceberam a invasão da América do Norte pelos chineses. Fantasiados de mexicanos, os chineses entraram no México pela bagatela de 100 dólares por cabeça, o que para eles é uma bagatela, com o declarado intuito de entrar ilegalmente nos EUA. Não digo que é uma bagatela como uma menção indireta ao tamanho da cabeça de nossos irmãos de olhos puxados, mas sim uma referência direta às suas reservas dolarizadas, que, a esse preço, poderiam comprar o bilhete de entrada de toda a China.

Mas foi assim que tudo começou, uma negociação em uma lingua intermediária entre o chinês e o espanhol, essa língua que alguns estadunidenses dizem ser a mesma falada pelos distintos habitantes do inferno. A discussão sobre o valor até que foi simples, difícil foi para os contrabandistas mexicanos explicarem aos chineses que queriam parte do pagamento em monociclos. Desde que tiveram a fantástica idéia de jogar futebol montados em monociclos, grandes dificuldades estavam sendo enfrentadas para suprir a demanda para a prática do esporte, chamado futebol mexicano. Não se importaram em mudar o nome do esporte, a exemplo dos vizinhos do norte, que tiraram tanto o foot quanto a ball do jogo, e mantiveram o nome, só mudaram a versão. Não que a deles seja a versão Americana, eles têm a nova versão original. Ainda melhor que a dos ingleses, que copiaram a idéia dos Maias, trocando a cabeça de um dos jogadores por uma bola de couro, mantendo, inclusive, o vento que a preenche.

Quando receberam os chineses a meio-caminho do deserto, os mexicanos, já em seus monociclos, não repararam nas bochechas gordas dos chineses, agora disfarçados de mexicanos, exceto pelos monociclos, obviamente. Repararam que seus clientes agora falavam espanhol, entretanto. E sentiram-se lisonjeados. Aliás, a lisonja é mesmo uma excelente maneira de desviar a atenção, funciona com qualquer bobo, exceto eu e voce, claro, imagina, somos tao espertos!

E lá se foi o estranho grupo, escoltado pelo esquadrão em monociclos, cruzar os desafios do deserto, atravessar uma ponte de corda, se deparar com uma inesperada cerca. Impossível atravessar com esses monociclos, vamos tentar achar uma brecha mais à frente. Alguém antes de nós já deve ter feito um buraco, é sempre assim que as rachaduras no sistema começam! Ao menos era isso que dizia meu tio, advogado aposentado e deputado durante a ditadura. Acabou sendo escolhido ministro da defesa, gente importante! Realmente, depois de algumas horas de caminhada encontraram uma brecha deixada por um texano desavisado que atravessou a cerca para jogar pôquer em solo mexicano, onde não corria o risco de ser preso por jogar em local proibido, ou seja, no deserto errado.

Aberto o precedente, tudo ficou mais fácil. A pequena fresta virou uma brecha, por onde passou um, dez, um bilhão. Algumas milhas após a cerca, o pequeno exército se dissipou, e um solitário mexicano, do grupo sem monociclo, teve a infelicidade de topar com a polícia de fronteira. Correu e enfiou-se adentro de uma pequena porção de Mata Atlântica importada durante a Aliança para o Progresso, atualmente referida como o ultimo reduto de Mata Atlântica nativa do mundo, e sentiu-se abençoado. A luz da fé, entretanto, lhe fez andar em círculo, vindo a dar de frente com o policial, que lhe apontava sua metralhadora. “Raise your hands slowly”. Ora, nunca tinha tido tempo para fazer nada devagar, ficou confuso. Ergueu rapida e instintivamente seus braços, derrubando seu sombrero, que caiu à sua frente impedindo o policial de perceber seu movimento sorrateiro de volta à mata. Surpreendido, o policial puxa o gatilho de sua arma, que falha. Só então repara que uma bala estava agarrada no cano. “Made in China”! Retirou de seu cinto o valioso canivete suísso, que serviria para remover a obstrução, não fosse esse também de marca genérica, de modo que a lâmina emperrou, e o policial percebeu o tamanho do problema: Não temos depósitos de lixo suficientes para atender à demana...

Imediatamente deixou sua presa de lado e correu para candidatar-se a uma vaga no parlamento, vendendo sua incrível idéia: importar os caminhões pau-de-arara, agora subutilizados devido à mecanização das lavouras de cana no Brasil, carregá-los com as bugingangas inúteis e exportar o pacote para a África. Seria a nova Aliança para o Progresso. Também doaria remédios vencidos e motoristas negros, e pediria auxílio às outras nações super-desenvolvidas, como Palau e Porto Rico, para que participassem desse grande empreendimento, a ajudassem a financiar um novo projeto para a construção de campos de produção de energia solar no lado escuro da lua.

Foi assim, sim, curumin, eu vi!