Tiananmen, Paz Celestial 天安门广场,
Semana passada conheci uma estudante chinesa, que veio para os EUA recentemente para estudar relações exteriores. A história da China me fascina extremamente, principalmente pela paradoxal constatação de que essa cultura milenar não evoluiu para um regime democrático. Infelizmente, ainda não tenho o conhecimento a respeito para discutir o mérito dessa questão, e por isso, aproveito cada oprotunidade para conversar - uma forma mais rápida de pesquisa que internet - a respeito.
Essa colega, que nasceu em 1982, leu os escritos de Marx e de Mao, dentre muitos outros volumes que a diferenciam da maioria dos estudantes que andam pelo campus, independente de nacionalidade. Resolvi parar um pouco para escrever aqui somente alguns detalhes do que ela me disse, para que ao menos eu não me esqueça.
Aos 17 anos, Yan nunca tinha ouvido falar sobre os enfrentamentos que levaram ao que, no Brasil chamamos de "Massacre da praça da Paz Celestial" em 1989. Naquela ocasião, milhares de populares, principalmente estudantes, protestavam contra os métodos repressivos, abusivos, corruptos do governo da República Popular da China, e acabaram sendo severamente dispersados violentamente pelo exército. O número de mortos na ocasião está entre 23, de acordo com a contagem do governo, e 2600, de acordo com a Cruz Vermelha. O número de feridos pode ter chegado a 10000.
Assim como ela, a maioria dos chineses não conhece essa história, jamais ouviram falar de protestos. De fato, a televisão chinesa, na ociasião, mostrava as agressões dos protestantes, soldados feridos, e minimizava o tamanho, a repercussão e a importância do episódio. Logo após ter sido dispersada a multidão, ninguém mais comentava o ocorrido, e os pais protegeram seus filhos únicos dessa parte sangrenta da história.
Mais uma vez, a repressão calou a história, e para um bilhão de pessoas esses conflitos jamais ocorreram, e mesmo os registros do incidente foram completamente apagados. Yan não obteve informações sobre isso até que conseguiu acesso a bancos de dados de agências de notícias de Hong Kong, que, então, ainda estava sob domínio Inglês.
A praça foi reconstruída, e um estudante estadunidense que fez seu doutorado na China conseguiu encontrar uma loja que teria sido construída com sobras da demolição. "Estavam vendendo barato", disse o proprietário.
O acordo imposto pelo governo foi que os chineses não teriam o regime democrático que pediam, mas seriam autorizados a ficarem ricos. Uma nova fase de dominação começava, que, na verdade, se assemelha demais ao pacto subliminar entre o povo e as classes dominantes de paises democráticos ocidentais.
George Orwell, sentenciou que às vezes é necessária uma grande revolução para que as coisas possam permanecer como sempre foram. Essas revoluções parecem ocorrer a cada 50 anos. Se foi isso que ocorreu no ocidente em 1930, já estamos fazendo hora extra.
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