Monday, March 27, 2006

Ainda mais do mesmo

"Erraram? Erraram, mas é um erro puramente formal.” Geraldo Alckimin, ao ser questionado sobre os recursos da Nossa Caixa desviados para patrocinar propaganda de empresas de seus aliados políticos em São Paulo.

De 278 contratos investigados, mais de 90% apresentaram irregularidades. Se essa informação, obtida por uma auditoria interna da Nossa Caixa , for extrapolada para o estado de São Paulo, as previsões são realmente assustadoras. Se a mesma eficiência puder ser esperada para as mais de 70 (100% das propostas) CPIs engavetadas naquele estado, talvez aí sim paremos de nos satisfazer com essa caça nacional às bruxas, e, então, passemos a enfrentar essa situação de frente.

O PSoL está aí com uma campanha para que sejam extintas as votações secretas no Congresso: O Big Brother nacional refletindo o caos da democracia. E realmente parece que os personagens foram todos escolhidos pela Globo, e não pelo voto direto!

Nada está sendo feito para mudar a cara do Brasil, muito pelo contrário, os interesses da nação estão longe dos objetivos desse circo. “São necessárias muitas mudanças para se deixar tudo como está”.

Saturday, March 25, 2006

Mais do mesmo

Quando vi a crise política se complicar no governo Lula me senti frustrado, mas ao mesmo tempo esperançoso de que aquele distúrbio ia levar a uma mudança de atitude popular. Agarrei-me a esse expectativa, com a qual ia acompanhando os desenrolar dos acontecimentos. Infelizmente, parece que nada mudou. A discussão não surgiu, ou foi abafada pelo circo criado pela impren$a. A campanha presidencial começa como sempre começou: cientes de que seus votos dependem de sua imagem e não de seu trabalho, os candidatos vão montando seu teatro, e os eleitores vão se dividindo em bandos que torcem para o time do Lula e outro que torce para o time do Alckmin.

Durante esse processo decisório democrático, há as inflamadas discussões políticas. Desgastantes e inúteis, são como as discussões sobre futebol em mesas de bar depois da sétima rodada de chopp: no final algumas trocas de farpas, alguns empurrões. Uns dias de cara amarrada um para o outro se sucedem, e então estamos prontos para mais uma, idêntica à primeira. É dessa forma que discutimos política. Todos pronunciam seus discursos como se realmente soubessem o que estão falando, como se realmente soubessem todas as conseqüências de suas propostas, como se estivessem habilitados a dirigir o time sozinhos.

Não existe uma discussão profunda, sensata, organizada. Buscar o embasamento para um argumento é secundária, pouco importante. Brada-se a solução simples para todos os problemas da nação a a alta voz, e é sempre "incrível que o governo seja tão incompetente que simplesmente não faça o que eu digo!" ou ainda "que você não enxergue a estupidez do que está dizendo".

A razão para isso parece ser tão diversa quando as opiniões políticas. É muito mais fácil culpar o técnico do que estudar mudanças na tática de jogo. Acreditar no discurso e se fazer de vítima quatro anos depois é muito mais fácil que acompanhar os atos do governo ao longo do mandato. E há também o ápice da estupidez, o egoísmo da "farinha pouca, meu feijão primeiro", típico da parte menos inteligente da sociedade brasileira: a classe média.

Somente um representante divino teria chances de governar esse país com o prostíbulo dos deputados em tamanha sede por ter suas carreiras profissionais impulsionadas por mais e mais dinheiro sujo. Todos os candidatos irão dizer-se capazes de fazê-lo, entretanto, e o povo acreditará na mesma mentira, mais na de um que na do outro. E depois vai se dizer ludibriado de novo.

Wednesday, March 15, 2006

Os Enganados

Como diria meu grande amigo Zéinha da Bahia: "Uma vez enganado, sempre enganado"

Até ontem tudo parecia estar indo de vento em popa: a neve derreteu-se toda, calor de 15C lá fora, o sequenciamento funcionando, o projeto maravilhosamente se desenrolando. Agora o frio retornou, tudo congelado de novo. O projeto foi todo por água abaixo: ao que tudo indica, estávamos nos baseando em um dado falso. Alguém publicou um artigo especificando genes e suas respectivas funções, mas ninguém checou a fisiologia do microrganismo: um dos genes não tem nada a ver com a função que lhe foi atribuída. Nesse caso, não importa quantas vezes se conta uma mentira, continuará sendo mentira até que o autor assuma o erro. E isso pode demorar...

Isso não é verdade em outras situações, especialmente quando se trata de relações humanas e fatos passados. Ciência, entretanto, é construída dia a dia, e não se pode dar ir muito longe quando a rota traçada inicialmente estava errada. Por isso a humildade, diploma da sabedoria, é essencial nesse ramo: a capacidade de assumir o erro e recomeçar é sublime, embora profissionais assim sejam escassos. "Em termos de ciência, a humilde interpretação racional de um é mais importante que o opinião de um milhão".

Claro que é assim que a banda toca, não há do que reclamar. Thomas Jefferson, quando referido como um gênio por um repórter, disse que "após anos de insucesso" teve "um segundo de luz", então tem que ter paciência também. Tem que ir batendo a manteiga...

Ao menos não sou o único, as plantas da foto abaixo também foram iludidas. Foram as primeiras que encontrei pelo camimnho logo após o derretimento da neve, no final de semana. Foram provavelmente as primeiras a colocar o nariz para fora, achando que era chegada a hora. Com o frio, entretanto, estão agora sofrendo por terem optado por deixar seus bulbos antes do sol vir em definitivo. Mas gosto mais delas do que as outras que sairão mais fortes mais tarde. Se não fosse pelas pobres corajosas que se sacrificaram antes, ninguém saberia quão frio estava lá fora.