Monday, July 24, 2006

Ney

O senador Ney Suassuna resolveu contribuir com as empresas de telefonia, e emitiu uma emenda ao projeto de lei que cria a super-receita. De acordo com seu projeto, os auditores do ministério do trabalho ficam incapacitados de reconhecer (e autuar inrregularidades) vínculos empregatícios. Se essa emenda for aprovada, o combate ao trabalho irregular e mesmo escravo fica ainda mais dificultado, pois caberia somente à Justiça do Trabalho a apuração de casos fraudulentos.

Basicamente é mais uma ajudazinha para que empregadores desonestos tenham menos problemas com a justiça, que já lhes estaria incomodando demais. Entretanto, não é essa a sua justificativa para a modificação, onde se diz defendendo o contribuinte, de que forma, eu não sei. Também não menciona que está atendendo a um pedido de empresas.

Vale lembrar que o exmo. Sr. Suassuna é um de nossos representantes que inclui a quadrilha dos nossos representantes politicos que aceitaram suborno em troca de introduzir emendas orçamentárias para aquisição de ambulâncias superfaturadas .

Vale a pena mandar um e-mail para o senador pedindo que reveja sua posição sobre o assunto: neysuassun@senador.gov.br

Thursday, July 06, 2006

China

Se for ficar vendo as barbaridades que o PSDB solta todos os dias, em sua corrida desesperada contra a lógica, e pela eleição de Alckmin, não vou conseguir terminar minha tese, mas enquanto espero um gel corar, dá para fazer minha boa ação do dia.

Ontem o Serra subiu a serra contra a política econômica do governo Lula. Uma de suas principais reclamações era a forma irresponsável como o Brasil lida com a China.

Entretanto, às custas de acordos comerciais negociados recentemente, a balança comercial com a China voltou a ser positiva para o Brasil. Vale ressaltar o tamanho do problema de que estamos falando: um problema de um bilhão e meio de habitantes que trabalham a 20 dólares por mês e que crescem ao ritmo de 9% ao ano.

Pera lá, né Serra!

O sonho do Parreira

Eu tenho um sonho. Foi isso que o Parreira escreveu na lousa, ao discursar para os jogadores da seleção antes do jogo contra a França. Essa frase é talvez a mais célebre dita por Martin Luther King, num discurso onte também teria dito que um homem que não está preparado a morrer por uma causa, não tem direito a viver.

Assim como Ghandi, e, ainda, assim como diz o hino da Independência ("ou ficar à pátria livre ou morrer pelo Brasil"), e diferente da "Independência ou Morte" de Dom Pedro (curioso não?) não justificam "matar" por causa alguma. Sempre achei essa análise interessante, e só resolvi colocar aqui porque me passou pela cabeça agora, não tem nada a ver com o assunto inicial. Na verdade, certamente seria um assunto muito mais interessante e prazeroso, mas fica para depois.

Enfim, o Parreira exagerou. Deve ter percebido a falta de ambição de seus jogadores titulares, então se saiu com essa. Os jogadores não tinham sonho nenhum, ambição nenhuma, já tinham ganho mais do que podem gastar, perderam a motivação. E o Brasil, cá entre nós, não tinha sonho nenhum em relação ao hexacampeonato. Temos ambição, sede de vitória, para saciar a nossa necessidade mais do que humana de nos sentirmos capazes de vencer em algo. Nosso fracasso social seria amenizado pelo sucesso no futebol, mas nosso sonho é em outro campo.

As eleições de outubro virão no mesmo modelo dado pela copa: os melhores já foram escolhidos de acordo o tamanho de seus patrocínios. Nesses termos, fica difícil para aqueles que jogam o futebol-gol, ainda que não seja bonito o suficiente para aparecer na propaganda da Nike, ou no horário eleitoral, ganharem a copa, ou as eleições. Mas eu tenho um sonho...

Monday, July 03, 2006

Viva ela...

Ninguém se torna arqui-corrupto do dia para noite e por pura e simples opção. É um processo envolvente, em que a vítima é atacada por todos os lados.

O medo pode ser usado em diversas etapas desse processo, e de diferentes maneiras, mas certamente é parte central no manual do corrupto de sucesso. Medo de não ter dinheiro para comprar mais um degrau na escada social, de não vencer as eleições, de ter a familia perseguida, de ser perseguido pelos vizinhos...

Somente o temor à punição Divina não deve ser usado com freqüência nesses casos por ao menos três razões óbvias: primeiro porque Deus não tem feito punições exemplares com a frequência que seria necessária para nos manter na linha; segundo, esse argumento já foi exaustivamente batido pelas religiões ao redor do mundo e não tem tido um grande efeito no longo prazo, e, enfim, e por tudo isso e muito mais, é claro que o temor a Deus está em baixa ultimante: temos muito mais medo um do outro do que do Criador.

A escalada da corja corrupta e hipócrita, entrentanto, é exponencial: ao primeiro deslize, você se torna escravo. É como subir uma escada no escuro, em que todos os degraus vão sendo removidos à medida em que são deixados para trás. A cada passo adiante, mais coragem seria necessária para voltar atrás e encarar o vazio dos erros passados. A conclusão é simples: não há tempo para pensar, os valores têm que estar claramente definidos, de modo que as decisões sejam tomadas sem vacilar.

Esses são os termos em que ressalto a importância de atitudes como a empresária Ana Maria Rangel, candidata à presidência pelo PRP. Para garantir a candidatura de Ana Rangel, o presidente do partido lhe pediu 14 milhões de reais, parte do que deveria ser pago diretamente a ele, em dinheiro. Claro que diversos fatores poderiam ter levado a candidata a denunciar o presidente do partido, Ovasco Resende, como o fez, mas o importante e lembrar que muitos estiveram so as mesmas circunstâncias, e não o fizeram.

http://estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/jun/30/384.htm