Dizem que Orlando era menor que Santa Margarida quando Walt Disney decidiu colocar em prática seus planos de instalar aqui seu megainvestimento. Numa operação ultra-secreta, conseguiu comprar cerca de 10 mil hectares de terras que eram, basicamente, laranjais. Transformou no Mundo Disney, e os outros laranjais ao redor viraram Orlando, cidade onde bilhões de dólares trocam de mãos todos os dias.
Ah sim, claro, vale ressaltar que a lei da difusão não se aplica: esse bilhões vão para os bolsos maiores, não para os mais vazios...
O centro de convenções onde está sendo realizado o encontro da Sociedade Americana de Microbiologia é algo inimginável. O encontro, com cerca de 15 mil participantes, somente ocupa a ala oeste do complexo. Lá dentro, também impressionam os expositores, com suas ultra-modernos lançamentos de milhões de dólares a unidade. E no meio dessa opulência, a palestra inicial, com temas que me surpreenderam. Ao invés de genômica, engenharia genética ou vacinas de DNA, o tema central era educação básica. Os cientistas têm falhado em ensinar a próxima geração. Outra observação óbvia que foi martelada é que a ciência está perdendo espaço para a religião na luta do evolucionismo contra o criacionismo.
Mas, como poderiam ter imaginado, o que gostei mesmo foi da palestra de Bruce Alberts, autor do livro "Biologia Molecular da Célula". Esse foi o livro que me acompanhou no primeiro semestre do mestrado, e que, pelo mau-uso que lhe foi dado, quase me levou para o buraco: eu não conseguia repetir oito funções da proteína G na prova de biologia celular. Gostaria muito que meu então professor (cujo nome, graças a Deus, esqueci) estivesse lá também. Ele certamente sabe que é um professor de péssima categoria, mas talvez então percebesse que isso faz diferença.
Mas devo admitir que, tecnicamente, a palestra do Alberts deixou a desejar também.
Bom, hoje apresentei meu pôster e encontrei ainda mais brasileiros pela rua afora. Mas vou escrever sobre isso depois, pois tenho que tirar um cochilo urgentemente.
