Monday, May 04, 2009

Buffet: gripe suína não vai para frente

Normalmente, quem fala o que pensa, ainda que esteja certo, não é muito esperto, quase por definição. Como de bobo o Warren Buffet não tem nada, ele não diz o que pensa, mas sim o que sabe que não pensa, enquanto age (e lucra, quando acerta) de acordo com o que pensa.

Ele, esperto, ao invés de dizer que não vê razão para a preocupação excessiva com a disseminação do vírus H1N1, diz que o impacto sobre a economia e investimentos seria catastrófico, caso a gripe fosse realmente se alastrar... por isso mesmo, diz ele, sua companhia, Berkshire Hathway, deve disponibilizar seguro contra a "pandemia".

É uma apólice de seguro que estabeleceria que você receberia um prêmio (acho esse estrangeirismo bem adequado nesse caso) caso a taxa de mortalidade nos EUA aumentasse em 25%. Mas esse negócio é um pouco diferente de um seguro contra incêndio, por exemplo. Nesse caso, a seguradora está coletando um valor de todos os segurados que vai cobrir os incêndios que provavelmente acontecerão nas propriedades de alguns desses, além de gerar uma margem de lucro . Quanto maiores as chances de que um desses segurados tenha sua casa destruída por um incêndio, portanto, maior será o custo do seguro. No caso da gripe, entretanto, a seguradora não teria como modificar o custo do seguro nesses termos, pois se a gripe pega, pega todos os segurados de uma vez só. A aposta que o Buffet faz, portanto, é que a gripe não vai pegar.

Há um detalhe, entretanto. Como ele é um investidor gigante, tira vantagem da previsibilidade do mercado, ou seja, ao fornecer esse seguro ele introduz um balizamento dos riscos, Como os investidores investem mais quando sabem o tamanho do risco que correm, os investimentos já existentes são fortemente valorizados(Como os do Warren? Pois é...).

Investimentos em Real.

Outra coisa muito interessante dita por ele durante o chamado "Woodstock Capitalista" é que recentemente se livrou de uma aposta que tinha contra o dólar: 21 bilhões de dólares investidos em Reais. Por que ele teria feito is no meio de uma onda de valorização do Real? Não sei, mas há alguns cenários possíveis: 1. O Fed pode vir a recomendar que seus (da Berkshire) bancos precisam ser capitalizados; 2. Estava pegando muito mal esses investimentos em real, pois ele estava apostando contra a economia estadunidense, na qual a maioria de seus investidores têm seus investimentos; ou 3. Ele acha que o real vai cair.

Pode ser que ele tenha pensado nesses três fatores (ou nada disso, claro), mas o problema é que quando o gigante se move, sentimos a reverberação mesmo do outro lado do continente. Agora é esperar para ver para onde o R$/US$ vai se mover no futuro.

Amanhã: Khaleeji vs. dólar, direto de Riyadh

Mas talvez o Buffet não tenha muito poder sobre o futuro dessa taxa. As discussões sobre a criação de uma moeda internacional alternativa ao dólar parecem estar cada vez mais fortes dentro do FMI. Amanhã se reunem os países integrantes do GCC (Gulf Cooperation Council - Arábia Saudita, Oman, Kwait e Qatar), e é esperado que os primeiros passos sejam tomados para a criação de um Banco Central que vá fortalecer a moeda comum entre esses países, o Khaleeji. A intenção é satisfazer as pressões internas nesses países para que o Petróleo seja vendido não mais em dólar, mas em Khaleeji.

Dentro da OPEP, Irã e Venezuela brigam para que o cartel estabeleça uma nova moeda para a cotação e negociação do Petróleo. Em terras tupiniquins, o Brasil está em negociações com a China para que as transações entre os dois países seja feita em moeda local, assim como já ocorre entre países do Mercosul.

Mais do que Warren Buffet, essas pressões sobre o dólar podem determinar o destino do dólar, uma vez que o sustentáculo do dólar é a sua liquidez no mercado mundial, justamente por ser usado como padrão monetário no mundo inteiro.

http://www.guardian.co.uk/business/feedarticle/8480426

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