Miconomia
Comentário sobre o artigo "Parques de diversão viram "mico" entre investidores no Brasil
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200904221102_GZM_78011193
Parques de diversão (Hopi hari, Wet n' Wild) não deram lucro suficiente para saciar a sede dos venture-capitalists que financiaram sua construção, juntamente com o BNDES. (Claro que precisava da ajudinha do BNDES, senão não teria como convencer esses investidores que havia uma chance de obter retornos de 100% em menos de dois anos.) O resultado é que os venture-capitalists venderam sua parte no negócio há anos atrás, assumindo o prejuízo de mais de 95%. Quem ficou? Fundos de Pensão, e alguns investidores privados. Quem mais? O BNDES, claro, que financiou tudo e não tem como vender sua parte e sair correndo.
Agora os atuais "donos" desses empreendimentos dizem que o negócio não deu certo porque o brasileiro "prefere" ir passear no shopping ou ficar em casa o dia inteiro assistindo televisão a ir a um parque. Quem poderia imaginar que o brasileiro preferiria ficar em casa quando poderia desenbolsar 50 reais por pessoa para ir ao parque de diversões? Quem, ora, os planejadores, analistas, consultores especialistas, ora, é por isso que recebem tão bem!
Agora resolveram contratar uma empresa especializada em reestruturação de empresas falidas para resolver o problema. A solução? Fácil: basta que o BNDES gentilmente perdoe a dívida, pois os parques são, afinal, lucrativos, o problema é a dívida... (Gargalhada sarcástica) O mais curioso é que a matéria da Invertia nem comenta esse balanço financeiro deles. Faz algum sentido eu dizer que minha empresa "é lucrativa sim, basta eu não considerar o quanto devia estar pagando em juros de minha dívida com o banco"???
Vejamos o que será argumentado. Pela notícia, parece que dirão que os investidores iniciais já se mandaram com o prejuízo deles, o BNDES não pode esperar ter mais sucesso que os outros investidores. O problema é que o BNDES não era investidor mas financiador. Isso significa que se o investimento tivesse dado certo, os investidores teriam saído com ganhos de mais que o dobro do investido, mas o BNDES não teria recebido um centavo a mais que as taxas de juros contratuais. É aquela velha regra do capitalismo conhecida como L3P: lucro privado, prejuízo público.
É realmente um mico, mas um que o BNDES não vai pagar. Repare que um dos fundos de pensão é o Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Quanto poder de negociação eles terão junto ao BNDES? Veremos, mas esperamos que as regras sejam respeitadas, nem que seja só para variar. Se as empresas não podem pagar a dívida, que essa seja renegociada, o prazo seja extendido, a custo do aumento dos juros. Se não houver acordo, feche a montanha russa, venda o terreno, e pague suas dívidas. Se sobrar algum dinheiro, vá investir com os Madoff que existem por aí aos montes.
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