O trem que vem de Minas
Quando toda essa lambança no Congresso tornou-se capa de Revista, a pouco mais de um ano das eleições presidenciais, logo se viu que a oposição não iria aceitar uma segunda derrota facilmente. Têm trabalhado dia e noite para abrir brechas que os reconduzam ao poder, e as rachaduras nas defesas governistas já são amplas o suficiente para permitir uma batalha de igual para igual.
Entretanto, pode ser que a oposição do PSDB/PFL tenha ido longe demais. Bateram demais no PT, o PT revidou, e todos perderam o controle do jogo. Agora é pública e notória a falta de caráter que impera entre a maioria dos políticos brasileiros, e os detalhes do jogo do poder estão à disposição. Nessa troca de acusações, ambos perderam. Se expuseram demais, e agora os dois lados estão mais sujos que pau de galinheiro. Quem percebeu a brecha primeiro, parece ter sido o Garotinho, que gastou, segundo José Dirceu, 30 milhões de dólares em uma campanha nacional para ser escolhido, dentro do PMDB, como o candidato do partido. Com 14 mil votos, Garotinho desbancou Rigotto, mas lá em Minas só se acredita na fumaça quando se vê o fogo.
Em uma reunião da cúpula do PMDB, Orestes Quércia, mesmo frente a frente com Garotinho, propôs a candidatura do maior topete do Brasil, o ex-presidente Itamar Franco como candidato do PMDB. E já estava respaldado por José Sarney, Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, e já estaria mesmo articulando uma aliança com o PPS de Roberto Freire e do PDT. Dizem que mesmo o Garotinho chegou a aceitar a idéia , e tentar ir para a Presidência de mãos dadas com Itamar, mas está convencido de que tem chances de vencer nas prévias do partido em Junho.
Não é à toa que Itamar Franco levantou tanta poeira em apenas dois dias desde que Quércia mencionou seu nome junto aos caciques do PMDB. Roberto Jefferson citou Itamar como seu inimigo, pois teria cortado todos os contratos do governo com sua agência. Também é lembrado pela maestria com que conduziu as acusações petistas de corrupção contra Henrique Hargrives, e como teve a grandeza de reconduzi-lo ao cargo depois que as investigações públicas provaram sua inocência.
Itamar Franco teve competência para pegar o governo desmantelado deixado por Collor e tocar o país sem ter seu nome tocado por acusações de corrupção e isso o coloca em um patamar superior: talvez Itamar seja o único capaz de forçar os candidatos de PT e PSDB a mudarem uma linha de seus discursos, onde diriam que todos os porcos são iguais. Lula, que também não é bobo nem nada, ainda não se declarou candidato. Dado o respeito de José Dirceu pelo ex-presidente Itamar Franco (que apoiou a campanha de Lula à Presidência da República), não é impossível de se imaginar a possibilidade de Lula (que vive repetindo que não apóia a reeleição) sequer ser candidato. Bem faria ele.
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