Juros
Notícia do JB:
"SÃO PAULO, 28 de setembro de 2007 - Novos dados reforçam a tese de que serão necessários outros cortes no juro americano, hoje em 4,75% ao ano. Pela manhã foi informado que o índice de preços dos gastos do consumidor dos Estados Unidos (PCE, na sigla em inglês) apresentou alta de 0,6% em agosto, ante julho (0,4%), a maior taxa desde 2005. Já a renda dos norte-americanos registrou acréscimo de 0,3% no mês passado, abaixo da taxa apurada em julho (0,5%).(...)"
Não sou economista, e entendo muito pouco do assunto, mas até agora mesmo eu pensava que taxas de juros mais baixas tendem a aumentar a pressões inflacionárias. É essa a desculpa que temos ouvido no Brasil por décadas para justificar a nossa estratosférica taxa de juros. O parágrafo acima dá a idéia oposta, mas está errado. O aetigo sugere que os dados que reforçam a tese de que novos cortes virão são a alta inflação e o recuo na renda.
Só para deixar claro, um acréscimo de 0.3% na renda com uma inflação de 0.5% significa que os trabalhadores perderam aproximadamente 0.2% de seu poder de compra, ou seja, muito ruim, especialmente em se tratando da maior economia mundial!
A pressão por redução da taxa de juros vem da crise no setor financeiro estadunidense. Com a crise no setor imobiliário, muita gente está tirando seu dinheiro de empresas que têm recursos investidos em imóveis, como, digamos, bancos que emprestam dinheiro para que pessoas com crédito baixo possam comprar imóveis. Como resultado, falta dinheiro para os bancos, que, para continuar operando, precisam buscar recursos de outros investimentos para cobrir o rombo. Retomam então, seus investimentos em empresas do setor produtivo ou capital especulativo estacionado em países emergentes, como o Brasil. Isso pode ser uma idéia reducionista, certamente, mas funciona. Agora, o que acontece com a inflação?
Bom, basicamente, se o banco te cobra juros menores, maiores as chances de que você vai querer comprar um celular em 12 prestações. Quando muitas pessoas querem comprar, o vendedor tende a aumentar o preço, gerando inflação. Mas a indústria percebe o aumento da demanda e começa a pruduzir mais, gerando mais empregos. O aumento na taxa de emprego traz consigo um aumento da quantidade de dinheiro circulante, que pode aumentar ainda mais a pressão inflacionária, e assim por diante.
Mas claro que isso não é o único caminho. Se a indústria puder crescer à mesma taxa que a demanda aumenta, não haverá pressão inflacionária. Mas o problema é que nada é produzido nos EUA, tudo vem da China. E a China, te garanto, está crescendo tão rápido quanto pode, e mais rápido que qualquer um outro país jamais cresceu. Consequentemente, aumentar ainda mais a produção não deve ser alternativa, especialmente com os atuais custos ambientais em perspectiva.
Trocando em miúdos se a inflação está batendo à porta, e o Banco Central decide atuar sobre as taxas de juros para conter a ilustre visitante, o ajuste seria para cima, não para baixo, como essa reportagem sugere. O Federal Reserve está andando no caminho contrário desses princípios, pois suas decisões, que novidade..., são motivadas não pelo cenário econômico, mas por interesses políticos e financeiros. Criaram um monstro faminto chamado Wall Street, que só vive a pão-de-ló. E quanto mais o alimentam, mais ele cresce, mais comida exige. Se esse ciclo continuar, mais cedo ou mais tarde acabará o pão-de-ló, e a fera faminta vai começar a procurar o segundo prato em sua preferência: gente.
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