Monday, September 03, 2007

Desenvolvimento em Campo Verde é ameaça à economia. Vá entender!

Em uma cidade no interior do Mato Grosso, o crescimento das exportações de soja e outros produtos agrícolas levou a um crescimento econômico e de qualidade de vida notável. Tendo sido seguido por boa administração, o crescimento tem se sustentado e levado à melhoria da infra-estrutura, que traz consigo mais investimentos do setor privado. Empresários perceberam a oportunidade de se instalarem fazendas de criação de aves e suínos na região, aproveitando-se da grande oferta de insumos usados na alimentação dos animais.

Agora, na cidade de Campo Verde, parte da produção de soja e milho é tranbsformada em cortes de frango congelados, embutidos (presunto, salame etc) que têm maior valor agregado que as commodities. Com o aumento do valor dos produtos exportados há um aumento na arrecadação de impostos, aumento na oferta de empregos na região, melhoria nas condições de vida da população local... e por aí vai andando Campo Verde, pelos caminhos do assim conhecido "progresso".

Desde criança fomos treinados a gostar dessa idéia que, contada assim, parece uma história de sucesso. Mas ainda há dúvidas se o desenvolvimento de Campo Verde é realmente favorável. Segundo o Financial Times: "...há perigos. Um deles é que os novos empregos para fatiar frangos em áreas rurais estejam aparecendo às custas de empregos bem remunerados em setores tradicionais e urbanos. Outro é que as exportações de bens com valor agregado sejam eles próprios ameaçados pela apreciação da moeda, que vem trabalhando contra preços internacionais mais altos das commodities, comendo as receitas dos produtores agrícolas".

Eis algo notável. Ainda estou lutando para entender os princípios da economia moderna, mas ainda me parece que este é um artigo baseado num paradoxo artificial, disfarçado como lógica econômica. E fica pior. Um comentário sobre o artigo do FInancial Times, na Folha de hoje é intitulado "Economia brasileira pode ser vítima do próprio sucesso, diz jornal". E eu que li a reportagem cheio de alegria, imaginando a cidade crescendo, prosperando, milhares de trabalhadores felizes contentes... não percebi os riscos do desenvolvimento.

Mas acho que estou entendendo o porquê do aparente contra-senso: no título da reportagem da folha, "economia" não se refere à economia brasileira. Se refere ao conjunto de economistas do mundo inteiro, que estão sentados em seus tronos resolvendo os problemas da economia mundial. Tal como o médico que não quer curar o seu único paciente, - para não perder o cliente - o risco de progresso existe para os economistas que não mudarem de negócio na medida que a demanda modifique. "Se você trabalha na bolsa vendendo soja, comece a estudar um pouco sobre o mercado de alimentos. Pode ser que o futuro nunca chegue, mas, esteja preparado, só por precaução. Enquanto isso, vamos continuar a fazer nossos esforços para que uma grande crise aconteça todo mês, a fim de garantir que as coisas continuem como sempre foram. Sabe como é, não gostamos de mudar a rotina..."

Tome cuidado, portanto, ao ler seu jornal diário. Talvez a lógica ali expressa seja coesa, faça sentido, mas só você não for um dos 30 mil moradores e trabalhadores de Campo Verde!




Real risks for resurgent Brazil

9/2/2007 3:35:00 PM ET
Financial Times

Until a few years ago, if international credit markets felt a chill, Brazil was among the first to catch a cold. In the Mexican, Russian and Asian crises of the 1990s, the South American country was quick to follow its emerging market peers into turmoil. When it was forced to devalue its own currency in 1999, its assets took such a tumble that the central bank had to push its basic interest rate up to 45 per cent a year to stem a run on the real.Today, Brazil is heavily insulated by high foreign reserves, low foreign debt and healthy current account surpluses. In spite of the recent problems on world credit markets, the talk now is merely of whether the pace of interest rate cuts may have to slow. Economic growth is heading above 5 per cent a year, more than double the average rate of the past two decades. Credit and domestic demand are booming as millions of poor Brazilians become consumers for the first time. The country, it seems, has never been in such robust health. Why, then, has there been so much talk recently of 'Brazilian disease'?

http://www.stockhouse.ca/mediascan/news.asp?newsid=8921413

Economia brasileira pode ser vítima do próprio sucesso, diz jornal

da BBC Brasil

A economia brasileira corre o risco de se tornar vítima de seu próprio sucesso, segundo afirma longa reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal britânico "Financial Times", por causa da supervalorização do real em conseqüência do aumento das exportações e da perda de competitividade dos setores não-exportadores.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u325162.shtml

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