Meninos de rua
Recentemente assisti ao filme "Ônibus 174", dirigido por José Padilha, e recomendo a todos que tenham um real interesse patriótico e humano pelo Brasil. Talvez porque tenha assistido enquanto estou morando nos EUA, já longe de casa há um ano, fui muito tocado pelo filme. Senti-me emocionado, envergonhado, triste, responsabilizado, mas ao mesmo tempo comecei a me comprometer a ajudar a mudar essa realidade. De alguma forma, a exposição a esse problema me deu esperanças de que a sociedade civil tem poderes para resolver a situação das crianças e jovens carentes; na verdade, somos nós os únicos que podemos fazer algo nesse momento.
Há algumas semanas li na versão digital da Tribuna de Minas, jornal de Juiz de Fora, uma série de reportagens sobre o aumento da população de meninos de rua na cidade. Hoje, com certa decepção, leio a notícia sobre o aumento dos crimes cometidos pelos "trombadinhas"! Infelizmente, nenhuma correlação entre as duas perspectivas foi feita: de uma semana para outra os meninos de rua passaram de um passivo amontoado de restolhos humanos para criminosos em fase de aprimoramento, sem nunca terem realmente sido tratados como responsabilidade de todos.
Acho interessante comparar essa situação à peculiar visão, comum a diversas nações índigenas, de que as crianças eram responsabilidade primeira da tribo, sendo confiadas aos pais biológicos a sua educação, treinamento, cuidado. A sociedade "civilizada", ao contrário... bom, pode melhorar a maneira como cuida de suas crianças, ora chamadas trombadinhas.
Sou contra o uso desse termo, que chega a ser chocante quando usado como título de uma matéria de capa de jornal e certamente não reflete a responsabilidade de nossa sociedade com os menores que são abandonados à própria sorte, para viver dos restos, de esmolas, e, enfim, dos crimes. Embora deva ser enfatizado que a Tribuna de Minas deve ser elogiada por trazer o problema para sas páginas diárias, muito mais pode ser feito.
A Tribuna de Minas pode prestar um grande serviço para Juiz de Fora, e tornar-se um exemplo para o resto do país, caso se empenhe em apoiar as entidades que se dispõe a ajudar esses jovens, mas que são limitadas pela falta de recursos e de voluntários, profissionais ou não, que contribuam com o trabalho. Que seja colocada então, com o mesmo destaque, o trabalho dessas organizações na capa do jornal, que façam entrevistas com os organizadores, os jovens beneficiados, os voluntários, os doadores. Temos que parar de dar atenção exclusiva aos problemas, e começar enfatizar as soluções!
É esse o pedido que hoje enviei para a redação do jornal, sugerindo que seja uma contribuição que possamos fazer imediatamente para solucionar o problema. Para que isso realmente ocorra, entretanto, é preciso mostrar aos redatores do jornal que estamos preocupados com o problema dos menores de rua, e que uma série de reportagens buscando viabilizar o trabalhos das diversas instituiões e pessoas que trabalham nesse sentido pode trazer bons frutos. Mais que isso, precisamos mostrar que esse problema é responsabilidade minha e sua e de nossos vizinhos, e que as ações políticas sempre serão proporcionais à vontade do povo.
Eu acho que esse problema é muito grave, eu quero ajudar a resolvê-lo, e escrever para a Tribuna de Minas foi tudo que eu pude fazer hoje. Não é muito, não é suficiente, mas amanhã vou pensar em outra coisa. E você, o que vai fazer para ajudar HOJE?
Para amanhã, aceito sugestões, mas para ajudar hoje, clique aqui, e fale com os redatores da Tribuna.
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